Domingo dos Palancas Negras

 

Fui acordado hoje as 10 com meu colega de casa me chamando. Ele estava de saída para registrar o movimento neste dia da abertura da CAN 2010. Sai à porta da rua com meu laptop e fotografei esta senhora que passavam em frente de casa.

                                                                        

Meu matabicho foi a banana-da-terra que comprei ontem.

Minha missão no dia de hoje foi ficar na frente da televisão para gravar a transmissão da CAN 2010 enquanto meus colegas foram a campo gravar tudo o que acontecia.             

Portanto, hoje não arredei o pé de casa.

Esta foi a paisagem que fiquei admirando durante todo o dia e onde permanece neste momento:

                                                                            

Permaneci neste local o dia todo. Sai apenas para peparar um macarrão com um peito de frango congelado que estava na geladeira.

Ficou uma delícia o meu almoço. Eu sempre gosto da comida que eu mesmo preparo.

Encontrei o Alberto, a Sonia e a Flora na internet. Conversamos um pouco. Ajudei a Sonia a instalar o Skype e, pronto, chegou a noite e, com ela, meu colega e o início da tão esperada cerimônica da abertura da CAN 2010.

                          

                                                                           

O espetáculo estava maravilhoso. Super produção. Encantador. Até que, no ápice da cerimônia acaba a luz.

Calma, calma. Acabou a luz só aqui em casa porque o gerador não acionou automaticamente.

Escuridão total. Desespero total. A gravação da abertura é importante para eu editar meu próximo programa. Eu não entendo nada de geradores, não consegui fazer funcionar. Porém, a tragédia não foi tanta, pois, 15 minutos depois voltou a luz. Perdemos de gravar boa parte da abertura, mas deu para prosseguir com o trabalho.

                             

Logo começou o jogo. Estava bem calminho.

Deixei gravando e sai para dar uma volta no quarteirão

com o meu

Eis que eu estava a caminhar pelas ruas escuras, admirando o céu estrelado - já que as luzes das ruas estavam apagadas - e a ver que as pessoas nas ruas assistiam ao jogo em televisores colocados nas calçadas e pelas janelas dos poucos bares abertos quando ouço: "-Goool".

Eu gritei bem alto: "-Goool....Goool....Goooooool".

Voltei na carreira a procurar um televisor, pois já estava distante de algum, e encontrei uma senhora radiante com o gol dos Palancas Negras que me abraçou emocionada e me pediu um cigarro.

Cigarro?

Até agora eu imaginava que angolano algum fumasse.

Antes de ontem, quando eu estava na porta da rua da produtora onde trabalho, o porteiro do prédio veio me dizer que em Luanda é proibido fumar nas ruas e que a multa é de 40 kwansas. Depois ele me levou para a laje do prédio onde ele me disse que ali era seguro fumar. Ali eu poderia não só fumar como admirar o skyline de Luanda.

Ontem eu fui novamente a este local para acender meu piracanjuba e encontrei um movimento de preparativo para uma festa de aniversário, mesas arrumadas, uma mulher preparando um churrasco de frango e o DJ montando seu equipamento de última geração, o qual ele me disse que já investira cerca de 5.000 dolares.

Embora convidado, infelizmente eu não pude ficar para a festa porque tinha que voltar para casa para montar o meu equipamento para a gravação da abertura da CAN e do jogo Angola X Mali.

Vai começar o segundo tempo agora.

No primeiro tempo Flávio Amado fez os 2 gols de Angola. Alegria total! Angola tem que ganhar, precisamos de festa, muita festa. Angola merece, os angolanos merecem. E o Palanca Negras merece.

FORÇA ANGOLA!

                            

FORÇA FLÁVIO!

Quero mais que Angola faça mais 2 gols neste segundo tempo.

(Estou aprendendo a gostar de futebol aqui em Luanda)

ANGOLA 3 X MALI 0

É muito difícil escrever blog online.

Veja só. Enquanto eu estava a escrever estas linhas e a postar fotos do Flávio e etcetera, eis que saiu um penalti e.... Angola 3 X Mali 0. Perdi de gravar o gol pra vocês. Sinto muito.

Mais chato ainda é eu estar aqui dentro de casa, assistindo ao jogo na tv, enquanto lá fora, os televisores estão nas calçadas rodeados de torcedores vibrando e confiantes no vaticinio dos Palancas Negras.

20 minutos para acabar o jogo:

ANGOLA 4 X MALI 0

                    

Agora faltam 10 minutos para acabar o jogo...

Uiiii! Perdemos um gol.... foi por pouco. 

Ái! Perdemos mais um... e outro... e mais outro. 

DESASTRE!

FIM DO JOGO: ANGOLA 4 X MALI 4

"- Os jogadores desconstrairam, descompensaram, e aconteceu o que aconteceu. Não dá para acreditar."

 

Manoel José - técnico do Palancas Negras

Parabéns Mali. Valeu!

A gente se encontra de novo.

Seleção do Mali

VITÓRIA DO POVO ANGOLANO!

"A escolha de Angola para sediar o CAN2010 traduz o prestígio que o país tem vindo a conquistar no concerto das nações pelo seu desenvolvimento positivo nas mais diferentes actividades e é também prova da confiança que se deposita nas capacidades do povo Angolano e das suas instituições, assim como na nova era que o país vive. A nação Angolana saberá mostrar-se à altura de mais este desafio realizando um CAN a todos os títulos exemplar. Esta é mais uma vitória do povo Angolano, esta é mais uma vitória para o nosso país"

José Eduardo dos Santos

Presidente da República

É isso aí. Foi mais uma vitória do povo angolano no meu coração. Obrigado. Força Angola!

 

                                                             

O dia seguinte

Agora a tarde meu amigo angolano deu-me uma bandeira de Angola de presente.

Como eu ainda não comprei a minha máquina fotográfia, fiz este auto-retrato com a camera do laptop.

Hoje foi a primeira manhã que acordei em Luanda. Ainda com sono, levantei-me e fui saudar o dia na porta da rua. Eram 9 horas da manhã, o dia já havia começado há pelo menos 3 horas. Crianças brincavam, mulheres lavavam suas casas e os homens consertavam os carros. São muitos carros, de todos os tipos e marcas, todos novos. Os carros ficam sucateados muito rapidamente. Acho que devido a muitos buracos das ruas precárias da cidade.

Resolvi então conhecer melhor minha visinhança e, onde, afinal, eu estou. Ontem um brasileiro disse-me que aqui as ruas não tem nome. Pode até ser que as pessoas não se importem com nomes de ruas por aqui, mas as ruas tem nome sim.

Eu moro na Vila Alice, na Rua de Arsenio Pompilio do Carpo, cruzamento com a rua de Eugenio de Castro, a principal rua do bairro, no número 21, altura do Banco do Espírito Santo Angola. Estou pertinho do Cidadela - Pavilhão Esportivo. Veja na montagem que minha irmã preparou para mim:

maiores detalhes no link: Loalização de minha morada em Luanda

No momento que eu lia o nome da rua ví passar uma grande passeata: A Marcha de Apoio aos Palancas Negras, a seleção de futebol angolana. Viva os Palancas!!!!

                                                                      

                                    

PALANCAS NEGRAS

Estamos em festa por aqui: é o CAN - Copa Africana das Nações.

Bandeiras, camisolas (camisetas para os brasileiros), cornetas e faixas com as cores e os símbolos de Angola são vendidas nas ruas.

Uma camisola = 2.000 kwansas = 23 dólares = 40 reais

Não tive coragem de comprar. Por isso ganhei a bandeira do amigo angolano.

Estes 2.000 kwansas mais uns 3.000 que eu tenho aqui foi o que restou do dia de hoje.

Troquei 100 dólares ao pagar meu almoço: 2 pedaços de peixe frito, funge, - um prato típico feito a base de farinha de mandioca e água - o funge e o peixe foram os responsáveis pela sobrevivência do povo angolano em épocas difíceis. Meu almoço teve ainda salada de tomate, alface e couve-flor.

Tudo isto custou apenas 1.500 kwansas, ou seja 15 dolares. Paguei com um nota de 100 dolares e recebi um troco de 8.500 kwansas. Depois fomos tomar um café. Café maravilhoso. O café de Angola é o melhor do mundo. Delícia de café. Tomamos o café em uma padaria-restaurante chiquérrima, com diversos tipos de pães e doces. Mas eu tomei apenas um cafezinho, mesmo, por 440 kwansas.

                                                                          

Depois de trabalhar até o final do dia, voltei de carona com meu novo amigo, este um japonês, técnico de vídeo, que mora em Luanda desde 1992. Paramos no Super Mercado para eu fazer uma compra básica para o jantar de hoje e o matabicho de amanhã. Lá se foram 2.725 kwansas, a metade da compra que dividi com meu colega de casa.

Valeu a pena. Acabamos de jantar um delicioso espaguete itlaliano a bolonhesa acompanhado de um delicioso vinho sul africano, que custou a bagatela de 825,60 kwansas, ou seja, só 16 reais.

Nem Santa Helena eu compro por este preço no Brasil.

                                         

Quer dizer, tem muita coisa boa e barata em Luanda. Pode acreditar.

A gasolina, por exemplo, aqui custa apenas 40 kwansas o litro, ou seja, apenas uma única das nossas moedinhas brasileiras de 25 centavos abastece um litro de gasolina.

Que maravilha! Meu saudoso Niva é que iria gostar desta terra aqui. Mas... isto nunca vai acontecer, não porque ele não queira ou porque custaria caro trazêlo de Hercules ou em um transatlantico qualquer. Não vai acontecer porque o Niva já não é mais meu. Ele pertence agora a um praticante de voo livre. O Niva vai fazer resgate de Asa Delta. Fixe pra ele.

Amanhã o matabicho será banana-da-terra!

                                       

Eu comprei as bananas pela janela do carro. As vendedoras estavam na porta do supermercado. Muitas vendedoras. Todas muito bem vestidas com seus panos estampados e com os miúdos (bebês) amarrados nas costas. Eu pechinchei. Eram 6 bananas por 500 kwansas. Eu tirei do bolso 350 kwansas. Muitas mulheres, todas elas que estavam trabalhando juntas, eram 5 ou 6, todas se juntaram na janela do carro e falavam juntas. Todas defendiam aquela que me vendia as bananas. Elas venceram, eu paguei 400 kwansas pelo meu matabicho de amanhã. É certo que com essas bananas o matabicho vai servir tranquilamente eu e meus 3 colegas de trabalho que estarão em casa amanhã para irmos ao amistoso Angola X Mali.

Ufa! Cansei.

Escrever blog consome muito o tempo da gente e dá um trabalho enorme.

Tomara alguém leia e tire algum proveito daqui.

Vou ficando por aqui curtindo o KUDURO na TV.

(Fiquei esperando a oportunidade de gravar uma chamada da TV para a CAN mas não tive sorte, mudei de canal e a sorte foi mais fixe, pois está passando o GRANDE SHOW DO AGRE E.

A Chegada

Cheguei hoje, dia 8 de janeiro de 2010, na capital angola, Luanda.
O vôo foi cansativo porque a poltrono do avião era muito estreita.
7 horas e meia depois de embarcar do Galeão, no Rio, eu estava pousando em solo angolano.
O demorado foi passar pela imigração e, depois, esperar as malas. Sem exagero, esta operação demorou 3 horas.
Dimango, motorista da produtora onde vim traballhar, estava nos esperando com um Huyndai Prado, bancos de couro e ar-condicionado para nos levar para a casa. Ao chegar, fumei um piracanjuba e tomei uma ducha e fomos direto para a produtora, onde trabalhei até o final da tarde. Voltamos para casa para uma nova ducha antes de irmos para a abertura da CAN no Estádio Municipal.
Jogo amistoso, coquetel da Cerveja Sagres e, de volta para casa, estou agora aqui, super cansado e apenas iniciando este blog onde quero contar um pouquinho cada dia e, ainda, adicionar fotos e vídeos com uma camera digital que eu pretendo comprar por aqui mesmo.
Amanhã conto mais sobre a minha chegada aqui em Luanda, minhas primeira impressões, etc.
Hoje estou deveras muito cansado. Quis mesmo inaugurar este blog.